Canto do Conto Secreto

Pensamentos, Sentimentos, Atitudes e tudo o que nos rodeia e pode ser escrito numa combinação de meia-dúzia de palavras

Sunday, August 06, 2006

Uma Ode ao Amor...

Fui à praia. O sol radiava com tanta intensidade que parecia contagiar-me com a sua força. A temperatura da areia parecia reanimar o meu corpo. O mar estava tão agreste que mal conseguia aguentar-me em pé com a força das ondas a bater no meu corpo. Sentia-me dominada por aquela violência. Sentia que o sangue tinha voltado a fluir no meu corpo. Sentia que toda a dor tinha passado. Cada onda que rebentava parecia segredar-me através das gotas da água a bater no meu corpo que eu era capaz. Capaz de guardar no recanto mais escondido de mim toda a dor que passei. Cada arrastão que sofresse obrigava-me a erguer a cabeça novamente. Obrigava-me a seguir a vida em frente. Tudo aquilo que sofri parecia ter-se esvaziado. Tornou-se noutra coisa qualquer.
Sentia que aquele pedido da noite anterior se tinha concretizado. Por momentos conseguia ter outras perspectivas. Criar novos sonhos. Ver um mundo diferente. A violência do mar tinha-se transformado num verdadeiro amigo. Daqueles que nos dizem não na hora certa. Daqueles que nos obrigam a sair do fosso mais profundo.
De regresso ao meu mundo, pego na minha caixinha encarnada e leio outro papel. Mas este apenas tem um poema de Pablo Neruda – “Me gustas cuando callas”

Me gustas cuando callas porque estas como ausente,
y me oyes desde lejos y mi voz no te toca.
Parece que los ojos se te hubieran volado
y parece que un beso te cerrara la boca.
Como todas las cosas están llenas de mi alma
emerges de las cosas, llena del alma mia.
Mariposa de sueño, te pareces a mi alma,
y te pareces a la palabra melancolia.
Me gustas cuando callas y estas como distante.
Y estás como quejándote, mariposa en arrullo.
Y me oyes desde lejos, y mi voz no te alcanza:
Déjame que me calle con el silencio tuyo.
Déjame que te hable también com tu silencio
claro como una lámpara,
simple como un anillo.
Eres como la noche, callada y constelada.
Tu silencio es de una estrella,
tan lejano y sencillo.

Me gustas cuando callas porque estás como ausente.
Distante y dolorosa como si hubieras muerto.
Una palabra entonces, una sonrisa bastan.
Y estoy alegre, alegre de que no sea cierto.


A verdadeira ode ao amor que me embala num dos sonos mais profundos.